segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dizer soh o de hj

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Portal dos Mundos


Ontem eu passei na esquina de casa, e vi um caixa de terminal da rede telefônica da minha cidade.
E pensar que bem ali está o Portal dos Mundos... Eu fico nervosa só de lembrar.
Mas agora que estou no mundo 33, não posso mais voltar.
Lembro do mundo 1 onde tudo era mais fácil.
O problema é q eu não sei pra q lado volta, esqueci.
Eh assim... Eu e meu irmão gêmeo (que nem Phil e Lil dos Anjinhos, q nem Luke e Leia, que nem Diego e Daiane), descobrimos há muito tempo q dando uma volta na caixa, passávamos para um mundo diferente.
Tipo, tudo era diferente. Se num mundo mamãe estava brigando com a gente, e naum tinha biscoito na geladeira, a gente corria lá e passava o mundo. De repente mamãe não estava mais chateada, as coisas mudavam de cor, uma casa mudava de lugar, etc. Por exemplo, teve um mundo onde todos usavam bigode. Um outro onde as crianças falavam grosso. Outro onde todas as meninas se chamavam Priscila ou Janaína.
E por aí vai...
Claro q tinha lá uma regras, tinha que passar numa certa velocidade, nem rápido, nem devagar, não podia contar o segredo pra ninguém e tínhamos que passar juntos, eu e o Gugu.
Fomos passando os mundos como se fossem fases no videogame, até chegar nesse q estamos.
Daí que a gente se mudou e nunca mais saiu desse.
Estou passando minhas férias na minha cidade natal esse ano, então estou de volta à velha casa, e ontem enxerguei o portal. Que vontade que deu de passar de volta pros mundos antigos!
Talvez eu encontrasse de novo aquele mundo onde eu jogava vôlei com minha melhor amiga Kadija, e onde todos tinham oportunidade de ser filhos do Bruce Willis que nem a filha do Steven Tyler do Aerosmith no Armagedon.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Coisas de míope~Sobre os problemas de quem usa óculos.


Adoro óculos. Já tive vários modelos.
Mas não uso por que quero.
Antes dos nove anos eu enxergava o mundo de outro jeito. E não gostava de ir pra aula por que não enxergava no quadro negro. E tinha uma menina que sempre sentava no meu lugar. A Mariana. E uma vez eu lembro que respondi no dever de casa que eu não gostava dela. Tipo, numa pergunta mais ou menos assim:
-Do que você menos gosta?
R:Da Mariana por que ela sempre pega o meu lugar.

Mas então mamãe descobriu minha miopia. E eu passei a ver o mundo com outros olhos. Com quatro olhos pra dizer a verdade.
Eu não sou ninguém sem meus fundos de garrafa. Sou indefesa e exposta ao mundo.
Meus óculos são meu escudo. Corro pra trás deles e me sinto segura.

Já experimentei ficar sem. Simplesmente tirei eles na escola, no ensino fundamental, e derrepente muita gente ficou chateada comigo. Alegando que eu estava metida demais da conta.
Mais tarde descobri que as pessoas passavam e falavam comigo de longe. Cega como estava, eu não respondia. Ignorava todas elas.
Por isso, os óculos me trazem sorte. Tenho mais amigos quando estou usando eles, pareço mais inteligente e sou mais difícil de esquecer.
"A: Suellen é akela de óculos. B: Ah, sim! eu sei quem é."

Por esses dias eu tentei novamente me livrar deles e comprei lentes de contato.
Mas não dá muito certo. Sempre um bichinho suicida se joga dentro do meu olho, ou eu acabo cochilando sem tirar elas.
E o ar condicionado irrita que só vendo. Sem falar andando de moto, que o vento resseca pra caramba os olhos.

Desisto.

Eles são mais fortes do que eu. Me junto novamente aos quatro-olhos do mundo inteiro e essa imagem de nerd jamais será apagada do meu passado.

Mesmo que eu explique que eu gostava de sentar na frente na sala de aula por que não enxergava, mesmo que eu me sinta infinitamente burra, os óculos me fazem superior. ;D

E quer saber? Tô nem aí pras garotas do Leblon.

blog apoiado por albert einstein